Poemas

 Sei

Sei que estás aí
Sei até o som dos teus passos
Não sabes mas sei
A cor dos teus sonhos

Sei porque sei
Que o poema sem lei
É o teu respirar
Que me diz sem pensar
Aquilo que não sabes
Que eu sei
Inventei
Mil passos por dar.

...............

Tu
que só aqui
consegues caminhar
por
entre pedras e mar
ou no quando das gloriosas vitórias
que realçam ao vento as cores
das duas camisolas vermelhas
porquê
só quando as abraças
voltas a ser
menino
com um olhar
que suga de um trago
a vida.

E eu
Foco o olhar
Nas escadas
Procuro inventar
Gargalhadas
Mas as camisolas vermelhas
São saudades
tão distantes
tão vincadas
agora o olhar do menino
diz-me
que as escadas terminam
numa
encruzilhada
e o mar
o mar abre-se
de uma assentada
a saudade inunda a praia
ao seu jeito
destravada.

Filipe Chinita e
Antónia Ruivo

Merda

Apetece-me escrever (medra)
Podia me dar para pior, ( medra)
Podia escrever verga, mas moí
Ou então escrever dói
A merda que medra

Num país que corrói

Aborrecimento

Hoje
Apetece-me
Ser parca
Em palavras
Sentidas
Vou banalizar
Razões
Vencidas
Porque
Hei-de
Ser erecta
Se todos
Deslizam
Pelos convénios
Do aborrecimento....
Desdém

Não
Imagino
O deserto
De quem
Nada tem

O ar
Condicionado
Ralha-me
Com desdém
Zzzzzzzzzzzzz
Repetitivo
Barulho
Ensurdecedor
Quero silêncio
No meu regalo
De quem tem
Ar condicionado

Zzzzzzzzzzzz
Mosquito
Esfaimado
No estômago
De quem tem
Que lutar
Pelo fresco.

O ar condicionado
Refresca-me com desdém!....


Vai desnudo

Tanta coisa me trespassa
A maior é a saudade
Tanta coisa sem ter graça
A pior é a vaidade

Ser aquilo que não se é
Ser deus e andar na terra
Sem vergonha é que é
Tanta gente está na berra

Tanto fulano e fulana
Tanta mesa sem ter pão
Tanta gente faz da mama
Uma enorme perfeição

Vai ao fundo, vai ao fundo
Este país de sol
Vai desnudo, vai desnudo
Tudo o que entra no rol

E agora diz o povo
O que será de nós
Ora, irá partir-se o ovo
Igual a casca de noz

Por entre ondas revoltas
Por entre barrigas vazias
Dá a gente tantas voltas
E chafurda na razia

Um país bate no fundo
Não esqueçam o que digo
Sempre que se omite no mundo
Que é preciso plantar trigo

 Para que o trigo floresça
O melhor é acordar
Senão viramos fateixa
Afundada em alto mar .....

Abril recôndito

Caminhos sem norte
Não cruzes os braços
Estilhaços, cansaços
Na vida do pobre
Caminho desfeito
Omitir liberdade
É leviandade
Quem tem esse direito
Um Abril recôndito
Espera na memória
Igualdade jaze fria
Almeja um grito
De um povo

Uma nação descontente
Desespera e presente
Que é sujo o presente
De um eu descrente

Unam-se os sonhos
Unam-se as vozes
Unam-se as gentes
De calça de ganga
Camisa aos quadrados
Samarra e safões
De norte ao sul
Serram milhões
De braços unidos
Contra os zangões....

Os pombos da praça

Não mendiguem palavras metricamente medidas, muito menos enviesadas
No meio está o ponto exacto do meu olhar que perpassa o corpo franzino
Não queiram que afirme, são coisas do destino. O destino é um país bichado
Comendo as entranhas, rasgando a carne, repuxando a inteligência
Para a valeta onde espreitam os vermes. O meu olhar não aguenta
O corpo franzino. Agora encostou as costas nas costas do banco de pau
O pau que moldou o jeito de arcar com as dores, palavras ao cubo estas minhas
Rosário com contas de pau, o pau oco que moldou as mentes
Que passam na rua e olham o corpo franzino, fingindo não ver
Palavras ao cubo as minhas, que finjo que vejo. O corpo franzino.
Agora acena ao nada um nada que escasseia na cor dos chinelos, no dedo anelar
Um aro amarelo, afinal o corpo franzino em tempos também olhou.
Será que passou  p´los bancos de pau e fingiu não ver, como eu finjo
Ver o corpo franzino a sorrir, ao frio do Inverno que se ri dele.
Passeie-se o cão de manta no dorso, e o corpo franzino coberto de roto.
Passeie-se a mala , passeie-se o bolo, a bola de Berlim, o pastel de bacalhau
E o corpo franzino olha a montra, encosta o nariz à vidraça, na praça.
Enquanto os pombos da praça esperam o milho, que o corpo franzino distribui com carinho............. 


Paixão

A paixão é rebuçado cor de rosa
É camisa de noite transparente
É andar de cabeça à roda
É carrossel que gira livremente

É bater com a cabeça na vidraça
Dizer que não dói dando risadas
Fazer o pino, esquecer a dor nas costas
É negar que se tem as mãos suadas
A paixão são promessas inacabadas
É aprender a orar de mãos postas
Porque se navega em frágil barcaça.........

Vida
Olho para o lado e nada vejo
As paredes brancas taparam os olhos
As velas dos moinhos esfrangalharam
Nadas ao meio elas rasgaram
O vento elevou os molhos
De nadas no olhar que almejo

O tempo pensando ajudar
Saiu da letargia em que agoniza
Pôs-se lentamente a caminhar
Sem saber como deu-se a divagar
Tão bom que seria uma fresca brisa
Os dias compridos vir refrescar

Olho para o lado e vejo uma flor
Timidamente desabrocha
À sua volta só terra agreste
Mas ela lá está aquela flor campestre
Olho para o lado se moveu a rocha
Vejo um salto em forma de cor

É assim a vida
Nada é tudo
É assim a lida
O tempo é sortudo......

Razões

Junto razões uma a uma
Razões para ficar parada
Não botar o pé na estrada
Razões de coisa nenhuma
Numa espera pachorrenta
Numa agonia brejeira
Permaneço na fileira
De uma espera sonolenta
Espero que já não chova
Que amanhã seja domingo
Que venha ter comigo
No escuro a lua nova
Que o dia passe depressa
E a noite se vá a correr
Espero ver a crescer
Vontades sem ter pressa
Abomino a velocidade
Espero por tudo e por nada
Refilo muito zangada
Contra a pressa da idade
Junto razões uma a uma
Para me sentir enjoada
Esperando viro nada
No tempo que se esfuma
Mas eu nem dei por isso
Correrias não é comigo
Lamento, espera é postigo
De um crer sem compromisso

Espero que os dias façam
Aquilo que me pertence
A espera já não convence
As razões que me contrafaçam........

Casca de noz

Por vezes o coração ignora
O que os olhos lhe segredam
Têm-no como cochicho
De uma lágrima que chora
Em ais que se elevam
Aos seus olhos são capricho

Assim é o coração
Vira costas, não quer ver
Que o céu é sinfonia
Em dia sim dia não
Na vida passa a correr
Estranha assimetria

A disparidade constante
 Entre o ser e o querer
São faúlhas de fornalha
Que se soltam num instante
Em acreditamos ver
Faísca na acendalha

De um sorriso, bem parecer
Por vezes o coração estranha
Que o vento corre veloz
Acredita acontecer
Aquele crer que acompanha
Marinheiro em casca de noz........

Onde estás

Se eu te escrever em prosa.
Tenho medo de alongar.
As letras em cor airosa.
Escrevo-te em verso cor de mar.
Se eu te escrever neste dia.
Escreverei ao adormecer.
Aconchego-me na maresia.
De um beijo a renascer................

 Indefinição

Indefinição palavra chata
Que algumas vezes me assola
Parece água em cascata
Outras recua igual a mola

Tanto quero ser
Como já não quero
Ó deuses que desespero
Aquilo que julgo crer
É nevoeiro a desvanecer

Dou um passo em frente
E dois mais atrás
Tanto estou trôpega
Como estou sagaz

Pareço pião rodando no eixo
Volto costas, vou
Arrependida estou
Sacudo a cabeça e logo me queixo
Que puta de vida
Mas que azarada
Tudo corre mal
Aqui no meu quintal

Indefinição, já estou atrasada
Corre , corre, corre
Mete o pé na estrada...............

Encostas

Num balão fantasioso
Escondo os atalhos da vida
Ato com fio airoso
Nas pontas pena contida

Ponho para trás das costas
Tudo o que magoou
Que fios de neve deixou
Agruras e dores ocultas
Velhas feridas, labutas
Fecho em saco apertado
Por vezes meu rosto fechado
Deixa fugir uma lágrima
Não será auto estima
Muito menos negação
São folhas mortas p`lo chão
Que desceram as encostas

As encostas do meu viver
Tem dias que me sinto assim
Nada faço para esconder
Solto o balão ao alto
Deixo o fio correr

Vai, leva para longe de mim
As mágoas a desvanecer.............

Feira

Uma pedra á outra pergunta
Porque rebolas assim
Se não rebolar ai de mim, ai de mim
Tenho que ser ligeira e astuta

Eu pergunto ao vento
Porque nem vejo a arena
Sou actor fora de cena
De um palco todo ele cinzento
Porque desisti de chorar
Ao ver pedras a rolar
Porque passo apressada
Folgada ou cansada
Já nada vejo para o lado
Se está certo ou está errado
O rebolar apressado
Da virtude ou do pecado
Porque á dor fico impune
Não creio que esteja imune
Só estou de cara tapada
Para uma cena esfrangalhada
Pelo repetitivo funesto

Assim caminho na rua
Tal como pedra nua
De sentimentos, emoções
Já não ouço canções
De festas hilariantes
Nada é como dantes
Embora de barriga cheia
Estou vazia como colmeia
Da qual se foi o enxame
Virei pedra no certame

Da feira que é a vida.................

Suspensa
Fiquei presa nas cordas de um violino
Suspensa na leveza da melodia
Fiz da minha noite, radioso dia
Onde o sol brilhou dançando um hino

Juntei-me à dança e fui actriz
De um filme animado, pela alegria
Dancei, dancei, enlace e magia
Suspensa no ar, um sorriso feliz

Rodopiou comigo a ilusão
De um vestido de seda vermelho amora
Enlace, suspenso de uma alma que chora
Ao entrar na dança pisando o chão

Gira que gira, a musica acalenta
A frieza da noite, mas um medo gélido
Apossa-me a mente, num passo travado
A musica parou, o sol já não esquenta

Esta solidão do meu quarto calado....................

Correria

Corre a água da chuva
Pela berma do passeio
Corro eu numa labuta
Sem ter tempo pelo meio

Corre o dia corre a hora
Tudo corre ao deus dará
Corro eu e corres tu
Sem saber quem ganhará

Acossa o tempo e a vida
Que sem ter vida morrerá
Corre o filho e corre o pai
O vizinho e o amigo
Corre o padre da paróquia
A beata que vai à missa
O dentista e a porteira
O professor, o padeiro
Corre porque falta dinheiro
Até a criança prá escola
Sem ter lanche na sacola
Corre a vizinha do lado
Correndo compra fiado
O mecânico apressado
O escrivão escanzelado
Das sandes que engole correndo

Numa correria infernal
Também corre o policia
O soldado e o bombeiro
Corre tudo sem malícia
Tal o cansaço apressado
Pelo tempo ensacado
Numa correria vilã
Esticar sobre o divã
É o que resta ao mortal

Onde um médico anormal
Ao ouvir as nossas dores
Receita alguns amores
E um chãzinho de hortelã
Depois estica-se no divã
Cansado da correria
Adormece todo contente
Ganhou o dia, quem diria.................

 És vencedor és capaz

Tu, tu que olhas o vazio
Enquanto o nada te olha
Olha…
olha apenas e desfolha
Malmequeres defronte ao rio
Ao rio do sofrimento
Não percas nunca o alento
Não queiras cruzar os braços
Tão pouco abrandar os passos
A dor pode ser inferno
Por favor não faças Inverno
Em cima a tua vida
Leva a sorte de vencida
Agarra na minha mão
Serei a consolação
Das tuas horas amargas
Não queiras cruzar os braços
A vida é feita de cansaços
É estreita por vezes feia
Mas acredita é colmeia
Resplandecente de luz

Olha defronte prá cruz
A cruz onde um filho morreu
Morreu e de novo nasceu
Agarra-te basta ter fé
Acredita que a maré
Vai altear e aí verás
Que és vencedor e capaz

De afundar no mar todas as tuas dores......................

Natal do meu feitiço

Vou escrever sobre o Natal
O Natal do meu feitiço
Jesus como cobiço
Um raio de sol amarelo
Que todos digam é belo
O Natal de toda a gente
O pobre alegre e contente
Sem dores de alma e de corpo
Em vida não estar já morto
Nem esquecido da sorte
Ser assim de sul a norte
No meu país abatido
Por sentimento tingido
De desemprego e pobreza
Quem sabe e aconteça
O milagre do Natal
Que neste canto, Portugal
Encontre o que perdeu
Um rumo que esmoreceu
Num qualquer dia de Maio
Fugiu igual a catraio
Perdeu-se na sorte maldita
Aquela que é desdita
Nas bocas de toda a gente
Esquecem que é reluzente
Sonhar, sonhar e acreditar
Que basta querer para mudar
Aquilo que mal vai
Basta um toque e logo cai
Do pedestal o impostor
Quem de burro passa a doutor
Não pode levar avante

Por isso eu vou escrever
Sobre o Natal almejado
Aquele que foi esquartejado
Nas mãos de um qualquer.

Por isso eu escreverei
Aquilo com que sonho
Sorrisos eu quero e ponho
Naquilo que falarei

Vou levar de lado em lado
Um cabaz a oiro bordado
Fazer do pobre rei
Rei das minhas letras
Embora pensem são tretas
De poeta iludido
Quero lá saber é sentido
Este poema de Natal
Por isso a bem ou mal
Em verso arrojadiço
Vou escrever sobre o Natal
O Natal com que cobiço......................

Flechas

Por vezes a solidão assola
Fico presa por entre a mola
De uma peça que se solta
Entre a soleira da porta
Aquela por onde entrei
Quantas vezes a trespassei
Com flechas de metal frio
Depois deitei-as ao rio
Ao rio da ilusão
Milhentas na minha mão
Que em pó se transformaram
Mesmo agora entraram
Saudades no silêncio
Confesso tenho fascínio
Pelo silêncio incolor
Mas este está cheio de bolor
Bolor aos olhos meus
Que pensei serem os véus
Que ocultariam a solidão
Nas cores em abolição
Mas saudades é que entraram
E o teu rosto lembraram

Ao de cima aduziram
As flechas no meu sentir
Agora não sei mentir
Duas lágrimas afluíram

Caíram logo ao chão
Não lhes dei importância
É esta minha ganância
De fingir que não acontece
Aquilo que sei que aparece
Amanhã num novo dia
Que começa com alegria
Á tardinha volta a saudade
Dos tempos de cumplicidade
Voltas tu novamente
Embrulhado docemente
Nas asas da nostalgia
Assim é dia após dia
Mil flechas em aflição................
 

Tudo e Nada

Eu sei que o nada pesa
Com peso de mil tormentos
Nada, nada mais é que lamentos
De uma alma que está presa
Entre o tudo do cansaço
Por entre um qualquer estilhaço
Que de nada se alimenta
Vão me dizer que é vestimenta
O nada que não existe
No nada que persiste
No meu espírito esta noite
O meu nada que se afoite
A provar que não o é
Em jeito de rodapé
Junto-lhe um pouco de tudo
O nada vira desnudo
De poeta amargurado
Agora vai para outro lado
Este nada trapalhão
Que me esfria o coração
Num tudo que é medonho
Assim mil versos componho

Feitos de tudo e de nada.................

Arvoredos

Alentejo planta arvoredos
De cajado e saco roto
No salto de um gafanhoto
No andar de um vagabundo
Tenta espalhar num segundo
Uma teia feita de enredos

Num campo que acorda verde
Desponta uma oliveira
Mais á frente uma azinheira
Por onde a memória se perde
No fundo de um qualquer monte
Um cruzeiro que desponta
Sua cruz é fria e conta
As fagulhas que atormentaram
As almas que por ali passaram
Em noite de lua cheia
O pensamento vagueia
Com almas do outro mundo
Vagueiam, são vagabundos
Andando de boca em boca
Tanta lenda gente louca
Que palmilha esta terra

Alentejo planta arvoredos
Sussurrando os seus segredos
De heróis nos seus degredos

Alentejo terra de anais
Enfeita-se nos madrigais
Das gentes como os demais...................

Por entre os dedos

Foges-me por entre os dedos
Trémulos pelo ranger das dores
Aos meus olhos dissabores
Em campos como vinhedos

Escureces ao meu olhar
Perdido num tempo vindo
Dou por mim estou rindo
Da memória a esvaziar

Foges-me por entre os dedos
Numa idade sem ter tempo
Pode ser somente um momento
Em que a vida se enche de enredos

Tentando esconder os degredos
Que o coração alberga
A emoção numa entrega
Solta faíscas a eito
Eu tomo o momento de jeito

Imagino o teu rosto
Mas foge-me num segundo
Sei-te agora vagabundo
Ao encontro do sol de Agosto

Tentando desvendar no mosto
Um prazer que não tem gosto
Foges-me por entre os dedos
Escondo o meu desgosto
No campo por entre vinhedos..........................

Novelos

Num tempo de abandono
Até as árvores fenecem
Os ossos moídos estremecem
Ao cada cair de folha
Com medo da encolha
Aos andares de cada ano

Nos fios de cabelo
A neve já desliza
Parece que agiliza
O Outono afervorado
Pelo vento extasiado
Com a dança em novelos

De folhas mortas pelo chão
Aos meus olhos
Brotam molhos
Em forma de saudade
Dos teus olhos, leviandade
De um moído coração

Que estremece no pensar
Do teu sorriso maroto
Que vai de porto em porto
Em busca de um atiço
De um sentir corrediço

Que não te sabe sonhar.....................


Encruzilhada

Estou flutuando numa encruzilhada
Apenas eu
E se as encruzilhadas fossem faluas
Por onde me pudesse perder sem véu
Por onde o olhar deixasse de ser meu, ah sorte malvada
Que fez de mim rainha de nada
Que caminha desnuda
Sem frio ou calor
Sem medo ou pudor
Estanquei na encruzilhada sem hora
Por aqui por ali, estrada fora
Flutuo sozinha, será acidente
Pode ser sina de gente demente
Passam as nuvens sob a minha cabeça
Aceno ao longe, talvez algo aconteça
A encruzilhada abrirá horizontes
Irei beber água em novas fontes.

Ao adormecer, coberta rasgada
Não me tapa do frio porque está esburacada..........................

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Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo