sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Um poeta é visionário...

Agora; o que é ser poeta?
Mas que tola fantasia!
Se o Poeta foi cometa...
Não temeu noite, nem, dia.

Andam os poemas emproados, em rodopio infernal...
Perdidos de lado em lado, alheios ao eco!
Vestidos de amor e vintém, ignoram lágrimas de sal.
Como patrono o mito: antes melhor que mal!...

O que é isso de ser poeta, se me é permitido:
É cantar ao enfrentar um vendaval!...
À dor não fechar os olhos, da morte, não esquecer o sentido.
Olhar em redor,  sorrir. Sorrir ao chorar e gritar:
Calem-se!...

Ser poeta  em Portugal:
Não é ser cego, nem surdo, quando, algo vai mal.

Se ser poeta é vestir uma capa de brocado,
bordado a azul celeste. Que pecado!...

Tolo chapéu de bicos, amasso sem dose certa.
Não despe; nem se atreve a olhar o gemido que vem da rua.
À mistura, lamechas... Mas que vida é a tua?
Perguntam as rimas incredulas, assomando ironia:
O que é isso de ser poeta?

Criatura; olha a vida com olhos de trovador.
Rodopia no presente, pinta o futuro de cor.
Das letras faz estradas e dos pontos caravelas.
Aos becos rouba a dor e não temas as vielas.
É isso que esperam os versos... Se me faço entender:
Um Poeta é visionário e faz sem pretender.



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