quinta-feira, 22 de junho de 2017

As consequências que o Incêndio de Pedrogão Grande; podem trazer para o turismo a curto prazo.

Portugal na última década assumiu-se decididamente como destino turístico de qualidade.
A estratégia desenvolvida pela apresentação dos pacotes por parte da indústria e o empenho das Regiões de Turismo e dos seus dirigentes, assim, como, o papel preponderante dos Municípios: fomentaram a convergência necessária ao desenvolvimento do sector, tornando-o naquilo que conhecemos e conseguindo elevar o nome de Portugal muito acima das expectativas de alguns.
A planificação estratégica fez com que conseguíssemos numa década transpor a ideia preconcebida, de, que, tudo o que tínhamos para oferecer ao turista estrangeiro era a nossa linha costeira, destacando-se na oferta o Algarve que lentamente se foi alargando à Costa Alentejana e só mais tarde à restante área costeira. A Madeira e os Açores há dez anos atrás já estavam integrados nas rotas turísticas de eleição.  
Em 2016 o sector criou 45 mil empregos e teve uma receita de 12,6 mil milhões de euros, vendo, assim, duplicada a receita obtida em 2006, nesse ano, Portugal facturou 6,67 mil milhões de euros.
Em consequência das medidas tomadas: alargou-se no espaço de uma década a área de oferta e procura, levando, a, que, o fluxo turístico se alargue aos 365 dias do ano, com destinos diversificados e abrangendo a totalidade do território nacional.
Perante tudo isto: devemos a partir da Tragédia de Pedrogão Grande, começar a ter em conta, as consequências que o péssimo planeamento do território poderá trazer para o país, a curtíssimo prazo, se, a desorganização reinante se mantiver em futuras, possíveis, tragédias.
Temos que ter em conta a era em que vivemos, há muito que os destinos das nações: não se limitam quase exclusivamente ao que se passa dentro das fronteiras de cada país. Já é do conhecimento de todos, que, o mundo com o avanço da tecnologia tornou-se numa aldeia global, e as más, assim, como as boas notícias, por vezes, antes de terem eco cá dentro, já o tem no exterior.
Se todos pensarmos com clarividência a indústria do turismo, neste momento, sobrepõe-se a uma outra qualquer indústria nacional. Quase tudo o que consumimos nos chega do exterior. E o mesmo acontece aos bens que a indústria das celuloses faculta.  

Já que: Os governantes nas diversas medidas adoptadas, assim, encaminharam o curso de Portugal, e, a cada novo incêndio muito se fala do interesse económico à volta da celulose, atribuindo a inexistente reestruturação florestal, a esse mesmo interesse económico, que leva a um atraso institucional e decisivo de 14 anos, alargado a todos os governantes, desde então, e deixando para trás os incêndios florestais, anteriores a 2003, e, tendo em conta: a quantidade de vidas humanas perdidas e a extensão de floresta ardida, assim, como, os milhões de euros que isso custou ao país, e por consequência a todos nós.

Tem o sector do turismo: Uma importante palavra a dizer quando as consequências do comodismo e actuação política permitiu o descalabro que o país viveu nos últimos dias. Sendo, esse sector, se assim o entender, uma das muitas forças que pode acelerar e até mesmo forçar a tomada de medidas imediatas e concretas.

Todos sabemos que este é um sector que vive exclusivamente da imagem que conseguimos transmitir além-fronteiras: Somos muito poucos para conseguir manter viva a indústria, se a imagem que passamos é a de um país desorganizado, carregando a partir de agora, nas costas, 49 mortes numa estrada, mais 15 dentro de casa, ou nas aldeias e mais de 200 feridos. Sendo a culpa de tão trágicos números, atribuída levianamente às condições atmosféricas. As condições atmosféricas são as únicas que o homem jamais consegue controlar, seja, em tempos de cheias ou de fogos, dai, que, o planeamento deveria ter acontecido, ontem. O turista não é parvo, muito menos: os operadores turísticos externos.  

Não é preciso perceber muito da indústria turística, nem fazer grandes estudos, para constatarmos o que atrás escrevi, os estudos no que toca às consequências imprevisíveis que qualquer catástrofe natural pode trazer, para a indústria, são inúmeros, desde a Austrália, Espanha, passando pelo Brasil e pelo resto da Europa, esses estudos estão feitos.

Se à forçada da natureza juntarmos, mais alguma vez, uma imagem caótica, como, aquela que assistimos nos últimos dias, o que é que espera à Industria do Turismo num futuro muito curto?

A época dos incêndios ainda agora começou, enquanto escrevia este texto, no ar, soaram as sirenes dos bombeiros, aqui, em Vila Viçosa.




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