Portugal na última década assumiu-se decididamente como
destino turístico de qualidade.
A estratégia desenvolvida pela apresentação dos pacotes por
parte da indústria e o empenho das Regiões de Turismo e dos seus dirigentes, assim, como, o papel preponderante dos Municípios:
fomentaram a convergência necessária ao desenvolvimento do sector, tornando-o
naquilo que conhecemos e conseguindo elevar o nome de Portugal muito acima das
expectativas de alguns.
A planificação estratégica fez com que conseguíssemos numa
década transpor a ideia preconcebida, de, que, tudo o que tínhamos para
oferecer ao turista estrangeiro era a nossa linha costeira, destacando-se na oferta
o Algarve que lentamente se foi alargando à Costa Alentejana e só mais tarde à
restante área costeira. A Madeira e os Açores há dez anos atrás já estavam integrados
nas rotas turísticas de eleição.
Em 2016 o sector criou 45 mil empregos e teve uma receita de
12,6 mil milhões de euros, vendo, assim, duplicada a receita obtida em 2006, nesse
ano, Portugal facturou 6,67 mil milhões de euros.
Em consequência das medidas tomadas: alargou-se no espaço de
uma década a área de oferta e procura, levando, a, que, o fluxo turístico se
alargue aos 365 dias do ano, com destinos diversificados e abrangendo a
totalidade do território nacional.
Perante tudo isto: devemos a partir da Tragédia de Pedrogão
Grande, começar a ter em conta, as consequências que o péssimo planeamento do
território poderá trazer para o país, a curtíssimo prazo, se, a desorganização
reinante se mantiver em futuras, possíveis, tragédias.
Temos que ter em conta a era em que vivemos, há muito que os
destinos das nações: não se limitam quase exclusivamente ao que se passa dentro
das fronteiras de cada país. Já é do conhecimento de todos, que, o mundo com o
avanço da tecnologia tornou-se numa aldeia global, e as más, assim, como as
boas notícias, por vezes, antes de terem eco cá dentro, já o tem no exterior.
Se todos pensarmos com clarividência a indústria do
turismo, neste momento, sobrepõe-se a uma outra qualquer indústria nacional.
Quase tudo o que consumimos nos chega do exterior. E o mesmo acontece aos bens
que a indústria das celuloses faculta.
Já que: Os governantes nas diversas medidas adoptadas,
assim, encaminharam o curso de Portugal, e, a cada novo incêndio muito se fala do
interesse económico à volta da celulose, atribuindo a inexistente reestruturação
florestal, a esse mesmo interesse económico, que leva a um atraso institucional
e decisivo de 14 anos, alargado a todos os governantes, desde então, e deixando
para trás os incêndios florestais, anteriores a 2003, e, tendo em conta: a
quantidade de vidas humanas perdidas e a extensão de floresta ardida, assim,
como, os milhões de euros que isso custou ao país, e por consequência a todos
nós.
Tem o sector do turismo: Uma importante palavra a dizer
quando as consequências do comodismo e actuação política permitiu o descalabro
que o país viveu nos últimos dias. Sendo, esse sector, se assim o entender, uma
das muitas forças que pode acelerar e até mesmo forçar a tomada de medidas
imediatas e concretas.
Todos sabemos que este é um sector que vive exclusivamente
da imagem que conseguimos transmitir além-fronteiras: Somos muito poucos para
conseguir manter viva a indústria, se a imagem que passamos é a de um país
desorganizado, carregando a partir de agora, nas costas, 49 mortes numa estrada,
mais 15 dentro de casa, ou nas aldeias e mais de 200 feridos. Sendo a culpa de
tão trágicos números, atribuída levianamente às condições atmosféricas. As
condições atmosféricas são as únicas que o homem jamais consegue controlar,
seja, em tempos de cheias ou de fogos, dai, que, o planeamento deveria ter
acontecido, ontem. O turista não é parvo, muito menos: os operadores turísticos
externos.
Não é preciso perceber muito da indústria turística, nem
fazer grandes estudos, para constatarmos o que atrás escrevi, os estudos no que
toca às consequências imprevisíveis que qualquer catástrofe natural pode trazer,
para a indústria, são inúmeros, desde a Austrália, Espanha, passando pelo
Brasil e pelo resto da Europa, esses estudos estão feitos.
Se à forçada da natureza juntarmos, mais alguma vez, uma
imagem caótica, como, aquela que assistimos nos últimos dias, o que é que espera
à Industria do Turismo num futuro muito curto?
A época dos incêndios ainda agora começou, enquanto
escrevia este texto, no ar, soaram as sirenes dos bombeiros, aqui, em Vila
Viçosa.
Sem comentários:
Enviar um comentário