quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O que é isto de ser, Poeta?

´´ Ser poeta é ser mais alto, é ser maior do que os homens, morder como quem beija.``
Nada melhor do que meditar nas palavras de Florbela Espanca e assim iniciar uma curta reflexão, sobre esta coisa de ser, Poeta.
Não falo da pessoa em si, essa não é mais ou menos que outro qualquer, quando muito tem um dom que os restantes não têm. Mas hoje em dia com um bom rimador online qualquer um, rima.
O ser humano destinge-se pelas suas características ou qualidades, específicas, cada um terá as suas. O que se pode, ou não elevar é a sua arte, ou a carga que consegue transmitir aos pensamentos, seja numa análise crua das circunstâncias que o levaram a escrever, seja no tacto colocado no acto de escrever, ou no saber desenvolver a linha de pensamento de forma coerente e sucinta. Com isto não quero dizer que por vezes um pouco de falta de tacto não faça milagres. Principalmente quando a emoção se sobrepõe à razão, podem assim, nascer poemas sublimes, que em outras circunstâncias a pessoa jamais escreveria. A poesia é uma expressão artística, com a importância e o papel de outra qualquer expressão artística, fomentar o movimento em trono de um qualquer elemento.
Ser poeta passa sobretudo por ser impulsivo no pensamento, mas ao mesmo tempo minucioso e acreditem: Ser poeta dói e traz mais desconforto, do que conforto. Jamais um poeta se acomoda a estereótipos e muito menos é subserviente ao momento. Cada poeta deve ser único, só assim o seu trabalho terá valor, reconhecido. Um poeta não copia estilos, cria o seu próprio estilo, senão é igual a um copista, um pintor que só faça réplicas de outros pintores, pode ser muito bom, mas nunca passará de um copista. E ao contrário do que muitos imaginam, um poeta não fala só de si, fala do meio envolvente e principalmente tem que ser exímio e saber falar do futuro.
Um poema só o é se sobreviver ao espaço físico e ao momento em que foi escrito, de outra maneira é um texto em forma de verso. tal como acontece com o soneto de Florbela que se manterá eternamente actual. ´´Ser Poeta… é ter cá dentro um astro que flameja, é ter garras e asas de condor.``
E sim um poeta pode morder como quem beija, mas não deixa nunca de morder… no pensamento alheio.


De Antónia Ruivo, neste dia dos poetas.


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Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo