segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Estou cansada de mim...

Por vezes,
estou cansada de mim.
Queria calar, cegar,
olhar sem ver, ouvir sem sentir,
andar, só por andar.

Sim, estou cansada de mim!
Se só olhasse as borboletas
e descura-se os casulos,
imaginaria a utopia,
uma caixa de pandora,
ou uma casca de noz.
Se ao olhar o céu
não ligasse às nuvens,
imaginava que o dia não tinha noite,
e as crianças não tinham frio,
nem os velhos fome.

Estou cansada de mim.
Não queria escrever versos!
Nunca quis escrever versos.
Contentava-me com meia dúzia de palavras,
sem estória, ou significado.
Onde pernoitasse quieta,
e o sonho não tivesse espaço.
E ao mesmo tempo sonhasse
com o possível , pelo possível,
da resignação…

Estou cansada de mim!
Dos moinhos de vento:
dos quais corro atrás.
Mas se assim não fosse…

De que me servia ter voz?

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Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo