domingo, 30 de agosto de 2015

Soterra em mim a sombra… 2º poema de um ciclo dedicado ao erotismo.

Grito! E por entre os gritos ressai o tremor,
solto dos corpos inertes! Grito: um grito apenas.
Transporta o meu ser pelas profundezas da dor,
retrai a alma no cio roubado. Vintenas!

Vem meu amor por entre os muros, trovador
das noites de luar, acaricia o seio de mil maneiras
Eleva o ser para além da terra mãe, onde o sabor
dos corpos é magistral, e os sentires são algemas.

Soterra em mim a sombra, onde o corpo cambaleia,
solta a paixão e une todos os meus gritos, além…
Onde o mar se une à terra, e a espuma asfixia,

todos os ecos sem som. Sou meretriz, refém,
mulher perdida no teu dorso nu, a ousadia,
está no pensamento: que ao sentir mais convém.


........Quando o mundo dá supremacia e visibilidade ao supérfluo e sem sentido, a quem escreve poemas pouco mais resta do que tentar redireccionar olhares.
A foto que acompanha este poema é uma entre milhares que circulam no Google, sobre o que se está a passar no Mediterrâneo.

sábado, 29 de agosto de 2015

Se a pele fosse vértice...

E se ao invés dos corpos se despissem as dores,
no encrespar que a sorte deixa ao passar.
Se os olhos e os lábios vertessem cores,
e a pele fosse vértice sem nunca naufragar.

E se a alma que sussurra por activos amores,  
desnudasse com prazer na languidez do olhar.
A libido que é caverna da mente dando ares,
Ao fazer sem encantar. Apetece-me gritar!

Rasga a roupa que trazes vestida, olha o tempo.
Arrepia caminho por terra de ninguém.
Adentra em mim mansamente ou o desalento,

que pressinto na tua sina é atroz e é vaivém.
Marialva entre sonhos à toa, e o medo…
É muralha onde para sempre sou refém.

Primeiro poema de um ciclo dedicado ao erotismo.
Quando o mundo dá maior visibilidade ao supérfluo e sem sentido ao poeta  pouco mais resta do que tentar redireccionar olhares. 
A foto que acompanha este poema é uma entre milhares que circulam no Google, sobre o que se está a passar no Mediterrâneo.

domingo, 23 de agosto de 2015

Sombra...

Na secura que resvala dos corpos,
que se tocam noite dentro:
surge um grito rouco!

Tudo é frio, tudo é escuro.
Por entre a luminosidade da ilusão!

São as almas ruelas e a paixão soterrada,
iceberg, de um azul olhos mar.
É o medo da solidão, fantasia!
São os corpos marionetas sem tempo.
Tempo de amar!

É o frio intrometido,
estatela-se ao comprido,
num tempo sem olhar

Sou eu, tresloucada, insensível,
sombra invisível, sem receio…
De errar.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Dores da alma...

Doí-me a alma.
Na caducidade do resto das dores!
Metricamente: atrevo a medir o receio,
que afunda num vazio deturpado,
pelo improvável.

Dói-me a alma!
Mesmo que não tenha visibilidade:
necessária à dor.
É um poço sem fundo,
buraco negro do imprevisível;
na noite todos os gatos são pardos,
e o medo: o medo é supremo!

Doí-me a alma,
 no silencio cortado a preceito:
pela voz do impossível.
E então: descanso em castelos sem nuvens!
Onde os gatos saltam o abismo imaginário,
num brado rouco e tresloucado.
Enquanto a alma sangra:
ao mesmo tempo que sorri.
Da agilidade que os caracteres contêm.

Assim: acabo por esquecer a dor!
Redescubro nos poemas um pouco de amor!
A voz do impossível há muito se calou,
os gatos são as estrofes, e a dor amainou!





domingo, 2 de agosto de 2015

Um punhado de vida...

Não espero cuidados,
na supremacia imposta.
Descomprimo os afectos ao gosto de estar:
estar ao lado, paredes meias com os dias,
ou na saudade das coisas.
Não quero nada da boca para fora,
espero o mesmo que a terra espera do sol:
um punhado de vida banhado p`la luz.
Enquanto isso aguardo…
 Tal como aguarda a terra gretada p`lo sol,
e na ambição do solstício escuto o silencio,
que vigia a terra mãe.
Onde um dia regressarei à origem das coisas.
Estarei morta! E a minha paz, por hora aparente:
finalmente será eterna!


sábado, 1 de agosto de 2015

Sou feliz...

E se juntar um punhado de palavras caras,
delas fizer sopa de letras, terei a alvura das paredes?
E assim me verás desnuda de mente transparente!
E se juntar palavras cruas, serei por ventura rainha
da pertinência?
Omites, do sujo da terra recomeça a vida,
de uma sepultura renascem as papoilas,
de uma jeira o alimento do corpo e o prazer da alma,
quando se tomba o corpo por sobre a terra.

Não implores sentimentos que desdenho,
nem gestos de ocasião, não implores…
Sou cigana em campo aberto, ergo a tenda onde calha,
sou feliz e quando infeliz: recomeço, e esqueço a tralha.

Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo