domingo, 24 de maio de 2015

Serei somente a solidão...

Quando não há nada para dizer:
porque se cala o dizer que vai no coração…
E falar só por falar tem o peso da obrigação!

São todas as palavras de amor desditas!
Num coração retalhado pela incerteza,
todos os vocábulos setas imperfeitas.
Jamais tocarão o céu num cometa,
e os sonhos fenecem lentamente!
Até ao dia do juízo final.

- Porque se atreve a mente a negar evidencias?
- Porque se atrevem os homens a fingir? Pertinências!
- Porque me atrevo a aguçar?

Triste garina perdida, num riacho o naufragar,
dos meus sonhos… Dia a dia o despontar
em letras de triste estória, estranho mendigar!

Eu, poeta louco me confesso à revelia do crer.
Se um dia escrever em bolas de sabão,
a secura de uma mente deslavada:
morri sem dar por isso, e o meu ser
vagueia aos olhos de quem me saiba ver.

Serei então poeta no sentido da palavra!
Vadiando nas ruelas da imaginação…
E na tua voz sem nada por dizer,
serei somente a solidão!


quinta-feira, 21 de maio de 2015

Será que sim...

Enquanto o sol se esconde por entre o horizonte,
questiono o Ocaso… Será que sim, será que não?
Será que a incerteza um dia responde,
e o vento levará a suposição?

Enquanto o azul do céu se torna alaranjado,
pinto uma tela, com um verso inacabado.
Sorrio à lua que aparece além…
Questiono o vento : serei eu refém?

Da imaginação por entre barcaças.
Pernoitam no cais de um bem-querer!
Por entre o sol-pôr ate ganham asas…
Eu sou mesmo assim! Que hei-de fazer?

Será que sim, será que não?
Todos os sonhos dançam ao luar!
Por entre as notas de uma canção,
Erguem-se as respostas para me abraçar.



terça-feira, 19 de maio de 2015

Instante...

Conversamos por horas a fio!
Voamos para um tempo,
onde os trevos de quatro folhas:
eram mais verdes. E os sonhos
Faluas de velas ao vento.

De sorriso no rosto, a recordação
Traz à noite a emoção.
E assim por horas a fio,
as conversas rolam ligeiras.
Até que o coração bate apressado,
e a lua sorri lá no alto.
Indiscreta! Instante olvidado;
repescado amiúde pelo sentir…

De todos os poemas que iremos construir.
Nesse dia a lua descerá p`la encosta,
Não resistirá ao nosso rir!


sábado, 16 de maio de 2015

O teu rosto...

Embalada no murmúrio que vem de fora,
olho os telhados e sorrio.
Ouço as crianças que riem,
ao som das conversas nos bancos da praça.
Enquanto o silêncio pesa cá dentro.
Até o cão adormeceu faz tempo!

Como eu queria dormir, dormir só por dormir.
Deixar de pensar em ti, mas no vento a recordação:
quem fomos afinal, se não houve tempo,
Esgotou-se numa noite de luar!

Sentada à janela redescubro nos telhados
o som da tua voz, os teus passos
desencontrados, será propício o vento?
Serei eu a debanda, a poesia a razão.
Ou então serei uma alma penada,
feliz na solidão.

Cessou o murmúrio da praça, tudo dorme por fim!
Porque me assola a saudade, que quer de mim?
Se todas as pegadas no chão, são graffiti
de um negro brilhante. E o teu rosto
o mural da minha reminiscência.


Não estás comigo...


É na noite que tudo acontece,
em pequenas clareiras de folhagem densa.
Entra a luz da lua e não me reconhece:
Não sei se é da sina, se da crença.

Pode ser a alma que vagueia ao luar,
os sentidos em horas mortas.
Será quem sabe um mendigar.
Ou então o transpor de portas.

Arredado o pensamento:
baila nas palavras de letras miudinhas,
 umas atrás das outras!

Amanhã, sorrirás certamente!
Enquanto na estranha dança
serei um pequeno átomo.
Que o vento depositará na tua alma.

Tudo porque hoje não estás comigo,
 por entre o silêncio da casa deserta.
Onde as sombras vagueiam,
tal alma penada, vagueiam!
Assim como os poemas incompletos.

Logo mais os depositarei no teu olhar.





quinta-feira, 14 de maio de 2015

Incrédulo...


Hibernam as palavras e com elas os sentidos,
as vontades, até os devaneios adormecem:
sem tempo! Na memória ecos em gemidos
do que foi sem ser… E todas as ilusões fenecem!

São letras e mais letras, vocábulos reprimidos.
Manhãs por recordar, que jamais acontecem!
Sonhos de poeta em carreiros desconhecidos,
viagem à tangente que me mantém refém.

De um mundo colorido! Mas pernoita a sombra
no limiar da porta. No acervo redescubro
um passo que não é, ou o que não foi é dia:

de sonhos em viés! Caminho paralelo:
e as palavras são a fortaleza da alma.
Pedras! Ou… recordação de olhar incrédulo.






sexta-feira, 8 de maio de 2015

Ficamos só nós dois...

Se afastasse o vento para detrás dos ombros,
seriam as encostas da serra a mesma coisa?
Se olhasse de frente para o sol:
Ficaria cega num ápice.
Então, porque revivo amiúde o que deixei lá atrás?
Deve ser do vento:
Perde-se volta e meia no descampado!

Que é a mente irrequieta…

Logo, entras pela janela entreaberta.
Converso contigo por entre a penumbra,
rimos. Como só nós sabemos.
Brincamos com as palavras!
E deixo… entrar todos os poemas:
Como se fossem peões, dançam tresloucados,
o vento em alarido vira-me as costas.

Ficamos só nós dois, admirados!
Enquanto ele se diverte nas encostas.


quarta-feira, 6 de maio de 2015

Tenho tanto p`ra contar...

Não sei….
Se de tanto que digo, se de tanto que penso.
Se o mar é azul, por vezes o acho verde!
Se as nuvens são cor de neve, ou sé é o contrário.
É a neve que tem a cor das nuvens.
E o algodão tem a cor de ambas, ou…
Não sei…
Se é o brilho dos teus olhos,
se sou eu.

Saltam poemas aos molhos!
Pode ser da palavra,
dilacerada estrada fora.
Não sei, e no entanto:
Tenho tanto p`ra contar!






Adormeço...

Embalada na penumbra, 
descortino o pensamento.
Por entre a noite a tua imagem!
Desce tranquila no limiar do silêncio.
Engraçado... Diria mesmo é vertigem,
a palavra lavrada no coração.
É safra, amor-perfeito, até...
Paixão assolapada!
Que conforta a minha madrugada.
E assim por entre palavras roubadas ao imaginário...
Adormeço, não sem que antes sorria,
Amanhã ao acordar nova palavra desenhada,
E o meu dia... Nascerá claro.


segunda-feira, 4 de maio de 2015

Do arco íris...

Mão na mão pelo carreiro,
Manhã de sol, e depois?
Ao longe o arco íris!
Uma música suave!
Nas asas do vento,
De um tempo prazenteiro.

Mão na mão e o coração,
caixinha de tantos enigmas,
contém a emoção.
E de um fado tece asas.

Do carreiro tece o sonho,
de uma valsa ao luar.
Do arco íris um tear de fino fio.
E do vento uma estória de encantar.

Fica a manhã para depois!
Quando a noite acontecer…
E o sol do teu olhar,
sorrir deste tecer.

Mão na mão pelo carreiro,
que o sonho é colorido.
Nas margens do um ribeiro,
está o quadro concluído.

domingo, 3 de maio de 2015

Maio...

Traz Maio preso nas pontas o teu nome!
Também uma melodia e o cheiro a maresia.
A ternura parece bailar e tudo acontece…
Traz Maio o deslumbramento da Primavera!

Que ele traga alegria como presente,
e todas as palavras sejam uma sinfonia,
onde a alma descanse docemente.
Quem sabe: o curso do rio assim mudaria.

Traz Maio o teu rosto numa nuvem azul!
Nela a tua voz que sussurra na ramagem,
rasgando o sombreado finito do sul.

Tudo não passa de grandiosa miragem!
Desenha mil estrelas na nuvem azul…
Enquanto adormeço envolta na aragem!


Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo