domingo, 11 de janeiro de 2015

Poema Só...

O poema espera ser lido em silêncio,
desfeito de ornamentos, de fissuras,
Quer-se despido e olhar atento.
Deve o poema ser lido em horas escuras.

Que não entre claridade, a não ser a sua.
As campainhas se mantenham distantes…
Se merecer que pereça estendido na rua,
ou então que se vá. Sozinho, envolto em brilhantes.

Tem um destino o poema vadio,
ajudar o mundo a ver mais além.
Se no píncaro da montanha tremer de frio,
no fundo do mar deve ser pão-de-ló…
Ao olhar de quem lê, ser poema só.

O poema espera ser lido em silêncio,
despido de cordão umbilical.
Afago de quem escreveu… que interessa ao verso,
se amanhã se desfaz em areia,
e o poema que agoniza na maré cheia,
logo renasce na espuma… Sina tresloucada.

Tem um destino o poema vadio.
Ajudar o mundo a ver mais além…
O que esteja a mais é supérfluo, vazio.
Engano aos olhos, não ampara ninguém.




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