Não cantes
Pátria inglória
Berço de
poetas tresloucados
Esquece na
valeta a tua história
Da bandeira
esfiapa os brocados.
Não cantes
em voz dolente
Amor, ou a
cor dos sentidos.
Renegas num
fado miserável
O povo e
seus gemidos!
Não cantes Ave-marias…
Quando todas
as Marias
São Marias
em desgraça.
E os Maneis…
Carcaças que
mendigam na praça.
Não cantes,
não te atrevas…
Repara no
muro dos lamentos
Ou então…
Nos rostos
quando cantas,
AMOR, AMOR,
AMOR!
Engolido nas
gargantas
Dos que tem
fome.
Foto: Alfredo Cunha
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