terça-feira, 24 de junho de 2014

Vila Viçosa...

O porquê da chuva em pleno Junho
Do frio que não vai embora.
O porquê de estar, como sinto agora
Mesmo com nuvens o sereno assoma
Desfaz em partículas uma redoma de aço
A que visto para o dia, em cada gesto, cada passo.

O testemunho das nuvens que vão passando
Escrevem no céu cinzento em letra miudinha
Uma mensagem legível
Nas linhas bordadas a vento posso ler uma adivinha
Uma canção de amor, aprazível.
As malandras das andorinhas que chilreiam em barafunda
Juntam-se às nuvens e trespassam os telhados,
Vila Viçosa branquinha, reino de sonhos engalanados.
O sereno das calçadas, dos rostos de gente simples,
Faz desta terra o seio de outras eras e reinados.
E eu questiono o porquê da chuva em pleno Junho
Pobre tola que me perco em escaparate irrisório
Nem percebo que a paz no vermelho dos telhados.
É sinal de que a vida mesmo que seja enguiçada
É para ser vivida, ser pesada e medida
Ao nascer o traçado, o que é nosso está guardado
E que o vento ao escrever, simplesmente quer dizer
Alentejo nosso fado.





Sem comentários:

Enviar um comentário

Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo