quinta-feira, 26 de junho de 2014

Pensar...

 Ao ver os namorados ao final da tarde
Dou por mim a pensar
Porque será que perdemos na mocidade
A capacidade de sonhar.

Se o sonho comanda a vida
E assim é que eu sei
Porque a vida é tingida
Por aquilo e por d’El-Rei

Ai que saudades eu tenho
De viver só por viver
De brincar e de correr
De acreditar piamente
Saudade de tanta gente
Que cruzou o meu caminho
Até do remoinho
Que o vento fazia no monte
Saudade da água fresca na fonte.

Mas o que mais me mói
E às vezes até corrói
O meu coração cansado
Saudade de um beijo dado
Como se não houvera amanhã
Do vermelho da romã
Friozinho no inverno.
Por cobertor o inferno
Da vida em correria
Canseira e mais canseira
Vil e traiçoeira.
Que nos rouba a capacidade de sonhar.

Ao ver os namorados ao final de tarde
A saudade quis entrar
Pé ante pé, sem alarde
Fechei os olhos e dei por mim a pensar

Porque não fiquei lá atrás
Porque crescemos nós
Maldito tempo que trás
Moinhos de toscas Mós.



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