terça-feira, 24 de junho de 2014

E aí...

Ele é o pensamento que perde a noção do tempo
É o vento que uiva por entre a frincha da janela entreaberta
É a vontade na minha pele que incita à descoberta
Não fosse a chuva nos cabelos brancos, as rugas do rosto
E quem sabe o sol levasse o pranto por um campo de trigo.

E aí, na ceara madura o oiro da gente
O suor que gerou na terra negra, rebento
Fosse a esteira da minha alma
E aí, a vontade de ir além não ruísse simplesmente.

Ele são coisas e coisas, minha alma de poeta
Quem sabe a entenda uma costela de outrora
E aí, na madrugada em flor desperte botão de rosa
De um branco tão branco, brancura leitosa
De um rosto de donzela encantada

Que distingo no pensamento sempre que se cala o vento
O que resta afinal de um conto de encantar
O que resta nos meus olhos quando me apetece cantar
Ao lembrar o teu rosto, o teu olhar

Nada e tudo por entre linhas sem rumo
Assim começo um novo poema
Será que ao longe o futuro
Traz até mim o teu sonho, fonema.

Ele são coisas e coisas, nesta escrita vadia
São tranças que desfaço amiúde
São os teus olhos a rirem de mim
Neste jeito catraio de dizer que sim
Ele são coisas e coisas no branco do mármore
Até a chuva se juntou agora
E aí, o dia segue seu curso em busca da aurora.




Sem comentários:

Enviar um comentário

Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo