O verbo amar
dilacerado agoniza
Palavras iguais
semeadas a eito
Poetas percorrem
cansada estrada
Sabendo que perderam
o jeito
Quem socorre
a palavra
Quem socorre
os afectos
Há muito que
a tinta lava
Amores proibidos,
desejos escondidos
Em surdina
descartados no nada
De uma safra
enganadora
Quem socorre
a palavra de si mesma
Ou atira a
primeira pedra
Quem é o último
dos poetas
Que ao
erguer renega amor
O verbo amar
dilacerado agoniza
Silaba a
silaba a esperança eterniza
Será sonho,
ou o amanhã floresce
Em todos os poemas
que o amor desconhece
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