domingo, 25 de agosto de 2013

Alvoroço



 As saudades que eu tenho de um tempo que não foi meu
Bailam à tona das águas. Deus meu!
As saudades que eu tenho do teu rosto quando moço
Brincam com as minhas lembranças em alvoroço

Tento desvendar o sorriso se é que um dia o tiveste
Por vezes duvido disso, tudo me parece agreste
Aí tento sorrir por ti, mas o riso emudeceu e o coração entristece
O tempo às vezes escurece até a garganta emudece e eu

Recolhida nas lembranças deito ao largo as andanças
De um tempo que é só teu.

Bom dia e um beijinho.



Às pedras perguntei
Porque choram de manhã
Tola não reparei
Que a brisa corre pagã

Pelas terras deste sul eu encontro simplicidade
Num radioso céu azul antevejo cumplicidade
Entre o voo da cegonha, ou de um pardal de telhado
Deslumbramento sem vaidade no restolho deitado
Pela força que veio do vento na fúria de um espojinho
Perco o olhar campo dentro, como é belo o Alentejo
Muito longe da cidade e do seu burburinho.

Por aqui eu vou andando, bom dia e um beijinho.

domingo, 4 de agosto de 2013

Brado




De todas as palavras que se soltam
Do fundo da garganta reprimida
Os ``nadas`` são penas que denotam
Tudo o que na vida é desdita.

Caprichos nem sempre serão porte
Assim como febril não é a sorte
O timbre da garganta soa a morte
Sonolento o ouvido que então escuta.

Ai se o tempo das cerejas almejado
Trouxesse no regaço o bom ouvinte
Acredita que até num simples brado
Os ``nadas´´ soariam com requinte.

Amanhã




Tudo foge com a estaleca de um torpedo
De entremeio os fragmentos em narrativa
Eu e tu, entrelaçados num ápice e o credo
Que aflora os sentidos tenta e aviva

A crença intemporal de que a letargia festiva
Não é minha nem tua, assemelha a penedo
Esvai por entre os dedos nega ser cativa
De um anseio que aflorou, fustiga em degredo

O tempo debanda humildemente intemporal
Sabe meu amor que a verdade é crua, é fatal
Contudo não se apega a meras frustrações

Não renega ou olvida, tudo são paixões
Nos meus e nos teus olhos afirmações
O amanhã quem sabe no tempo é ancestral




Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo