sexta-feira, 28 de junho de 2013

Que segredo Alentejo



As encostas são íngremes o vermelho a cor
Que na subida os pés trilham, desconheço cansaço
Na contemplação do céu azul, embaraço
Sinto na minha pequenez.
No barro o suor do meu sonho
Quem sabe um dia, talvez…

Será que posso morrer se atreve o pensar
Mas logo dá passo atrás, ai Alentejo meu meditar
Permaneces imaculado, sei que te vejo risonho

Que segredo bem guardado tem a planície alentejana
Que quase sempre zomba do meu olhar
Aqui e ali olhos de cigana, além dourado a despontar

O segredo cândido que esta terra contém.
Olha! Está na vastidão que se avista além…

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Cerejas



Se houvesse um tempo de cerejas
Nos teus olhos a brilhar
Como sempre que almejas
Num deserto repousar

Se fosses filha do vento, por irmã a serrania
Corça ferida, o incerto nos teus olhos quem diria
Viver sem licença para entrar ou p`ra sair
Tanto faz se amanhece ou se fica sem sentir
Por entre palavras truncadas que alarido deus meu
As cerejas são roubadas ao que não sei prometeu

De palavras engraçadas
Está o inferno cheio
De cerejas cobiçadas
Já teci um entremeio …

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Despedida



Despeço-me da cena pela vez infinita
Nas costas o peso como abanão
Só que agora não pressinto apreensão
Vou ao encontro do acaso de alma faminta

A meu lado viaja a saudade
Do que poderia ter sido

Viaja também a verdade que me faz tão sozinha
Moinha ou calcanhar de Aquiles de um tempo que não é meu
Na bagagem um rio de esperança, ao olhar o céu
Que encontre bonança, que as escolhas do vento lhe tragam as vestes
Que almeja vestir, sou filha das pedras nada por madrinha
Que o sol abra as portas ao vento, brilhe ao amanhecer
Que a mim me traga no desconhecido o saber viver

E acima de tudo que o acaso me veja mulher.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

O Palco



Eu precisava que o vento se sentasse a meu lado
Termos assim uma conversa sem instante marcado
Precisava que o momento guiasse o anseio
Por entre encostas de giestas entremeio

Careço de antemão de um ápice propício
Ao estender da mão a beleza do solstício
Mas não quero que o vento invente palavras
Vocábulos efémeros que assemelham adagas

Eu precisava que o vento entrasse pela janela
Se sentasse a meu lado numa conversa serena    
Então quem sabe uma refrescante aragem
Iluminasse o palco sem antever miragem

Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo