terça-feira, 30 de abril de 2013

Declínio



Que ruptura nos espera
Sem que nos ampare a força do amor
Ou a vontade corrente seja
O dia-a-dia transporte calor

Tudo parece estranho no declínio
E às vezes até o fascínio
Do amargo na boca que é a saudade
Trás consigo conformidade

A fractura no lugar do coração
Labuta contra a corrente
Dia sim, dia não. Agoniza.
Até a saudade do que poderia ter sido
Vira as costas e parte, submissa.


Liberdade



Tenho medo de morrer sozinha
Numa valeta qualquer
Vivo num país que espezinha
Homem, criança ou mulher

Aprendi em liberdade
Com liberdade em pensar
Hoje tenho vontade
Da liberdade trancar

Logo que uma criança nasce
A sete chaves no peito
Então ao crescer se agarre
À liberdade a eito
 
Tenho medo de morrer sozinha
Eu que pouco temi
Vivo num país que espezinha
O grito que mais ouvi

Acabo de ler no olhar
De quem por mim passa na rua
O medo de definhar
Em liberdade seminua.


domingo, 28 de abril de 2013

Às vezes




A força intranquila que exalas
É o que vejo a seguir ao ontem
E fico a pairar nas incertezas
De um dia o fim

Nas cicatrizes as mãos fúteis
Vasculham pedaços e laços
Em momentos refutados
Aos nós agoirento

E se então conseguires escutar
Não te percas no caminho
Às vezes o recomeçar
Não tem tino mas é ninho.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Portugal em Liberdade




Que não me roubem os cães a vontade de lutar
No seu latir esfaimado em carcaça assomando.
Não me roubem ecos perdidos no tempo
Que a memória até traiu
Horizontes. Planícies imensas que o sonho construiu
Não me furtem a essência que Abril aflorou
Muito menos se elevem em desmando
Ao que o povo conquistou

Gente do meu país nos mortos buscai a força
A história a dianteira, soltem-na feito corça
Tal a vez primeira de um tempo de cravos rubros
Sonhos em ombros libertos, Seara sulcada em versos
Gemidos de um moribundo

Gente do meu país
Neste Abril de vontade
Não esqueçam quem sempre quis
Portugal em Liberdade 

25 de Abril 2013. Antonia Ruivo.


domingo, 21 de abril de 2013

Palavras fúteis…



Sempre qua audácia se apossa
Das mãos inúteis
Vem o vento com palavras fúteis
E a esperança derruba, desastrosa
É a força da palavra lançada como pedras
Sempre que o vento renega as evidências
Baila comodamente por entre aparências
Chicoteia a vontade alheia, o amor e o brio
Ignorando o corpo a seus pés tremendo de frio

Vira ladainha na vontade trancada
Moinha deslizando na mão
Que manipula a vontade roubada
Há força que paira num triste coração.


Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo