quinta-feira, 30 de junho de 2011

O mesmo chão


Demanda ao poema que te olhe
Não lhe peças desculpa se o deixas solto
Há sempre uma linha ténue
Entre o seu e o teu olhar
Sempre que lhe ofereces pernas para andar
Entrega-me a mim mil foices
E espera enquanto te envolves no silêncio que te sei
Ceifarei o tojo que circunda o monte
Atearei a fogueira como quem ateia o ultimo dos fogos
Aquele onde os poetas incendeiam as palavras
Que se desfiguram como árvores fustigadas pelo vento 
Ceifarei os sonhos alados da alma alentejana
Todos os que encontro nos versos que rescrevo
Demanda ao poema que te olhe
Ah, encontrarás escondido no seu olhar
Tudo aquilo a que me atrevo inventar
No meio dos cacos dos poemas desvairados
Encontrarás o teu e o meu coração
Repartidos por partículas que esventram a mesma terra o mesmo chão

2 comentários:

  1. Maravilhoso, uma linda expressão, verdadeiramente ! Beijo.

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  2. Acho justo dizer que sua poesia me encantou, por um dos mil acasos que me levam, encontrei a tua escrita, ela não mudou minha vida nem a solidão mas me ajudou a arder de novo no seio dos poetas fracassados -grupo ao qual você não pertence- obrigado por escrever.

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Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo