quarta-feira, 13 de abril de 2011

Quem cala

Se eu conseguisse calar
Aquela pulga faladora
Aqui, atrás da minha orelha
Me diz, já tarda demora

O céu, a luz do sol
Um floco de neve fria
Cala-te, não vês que já é dia
Afasta-te do meu lençol

Tarda o riso
A madrugada
Os grilos na primavera
Será que não tem juízo
Pulga ingrata
Verás o que te espera

Continua falando
Melhor incomodando
Tarda um abraço apertado
Um olhar adocicado
Aquele beijo roubado
Tarda andar de braço dado

Ás tantas já não a ouço
Agarro no mata moscas
Mando-lhe dois safanões
Umas tantas palmadas
A pulga em aflições
Foge por entre risadas

Podes bater à vontade
Fica aí feito maluca
Que eu vou segredar a verdade
Ao ouvido de quem me ouça.

Depois de um longo sossego
Assim que a pulga abalou
Peço, volta eu confesso
Que a tua falta matou

Esta sede de omissão
Que de vez em quando me abala
Podes falar, porque quem cala
Não é dono da razão.

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Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo