terça-feira, 22 de março de 2011

Ou outra qualquer



Num deslumbramento, corri sem norte
Serpenteei por entre ilusões
Alcancei o inatingível, mediante fragmentos
Dei tudo de mim pensando ser forte
Esqueci amarras e encontrões
Por entre distanciamento encontrei alheamento
E agora que a estrada está esburacada
Tento seguir em frente e não consigo
Ah, se pelo menos um momento
Eu me visse tresloucada
Por entre o vento que bate forte

Mas ver eu já não quero. Muito menos alcançar
Não quero sentir, nem quero amar
Afaste-se de mim o vislumbrar

Serei tudo o que quiser, serei mulher
Serei pedra, ventania, pó por entre vinhedo
Serei aquela, ou outra qualquer
Mas uma coisa não serei, brinquedo
Boneco articulado, carro sem rodas, malmequer
Que se desfolha, água parada
Uma bola de sabão, serei o que quiser

Por entre dias, por entre noites, por entre risos ou carpido
Ao olhar eu serei a indefinida intenção
Que se abastece na negação sem aflição
Que vela e despoja em mim sem dar ouvido.


Sem comentários:

Enviar um comentário

Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo